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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Transformação Social

O jornalismo como instrumento de transformação social. Foi para isto, talvez não tão bem elaborado assim, que entrei na faculdade de comunicação social. Pensava em mudar o mundo. Em mostrar para as pessoas como a vida podia ser. Presunção de quem tem 22 anos. Claro que a realidade se mostrou muito diferente, embora eu tenha tentado muito.


Mas acho que uma turma entrou pensando a mesma coisa e encontrou um caminho diferente do meu. Eles estão transformando o mundo. Ao menos o mundo de alguns moradores em situação de rua de São Paulo e do Rio. São os editores da revista Ocas’ – Saindo das Ruas.

É uma publicação inteligente, bem escrita e que é vendida por pessoas em situação de rua em vários pontos do Rio e de Sampa. Custa R$ 3 e o vendedor a compra por R$ 1, assim tem uma fonte de renda. Nem sei como conheci a revista, mas durante muito tempo aluguei amigos para que a trouxessem pra mim aqui em Brasília. E não sei se foi por falta de amigos ou por qual outro motivo, deixei de comprar a Ocas’. Uma pena.

Na última visita a São Paulo, na saída do Museu da Língua Portuguesa, um vendedor me ofereceu e comprei a revista mais atual que ele tinha que era a de maio/junho. Uma edição inteira sobre ocupações urbanas e uma entrevista com Paulo Betti. Sensacional. A revista tem informação, tem conhecimento, agrega valor. Talvez ainda não seja tarde para mudar o mundo.



Capa da revista Ocas" maio/junho.2010

Novos paradgmas impostos pelas novas tecnologia

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Intenso retorno

Já não tem mais graça falar que não tenho tempo. Eu não o tenho mesmo. E não o terei tão cedo. Então o que preciso é me organizar para viver com o tempo disponível.


Tenho lido pouco, pouco ido ao cinema e pouco conversado com amigos. Tem sido um ano duro. Mas, aos poucos, rendo-me a memória de um tempo mais calmo e constato que nada vale mais que ler um bom livro, beber um bom vinho, conversar sobre nada (miolo de pote, como diria o Hamilton) com bons amigos e, sobre tudo, com alguns.

E, entre as pequenas conquistas, está a leitura, rapidíssima, de um livro cujo título há tempos me intrigava.

“Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, do Marçal Aquino, é tão bom quanto o título. Conta a história de um fotógrafo, que recebe uma bolsa para produzir um livro sobre personagens do Brasil. Ele chega ao no interior do Pará, numa área garimpo, e se apaixona intensamente pela mulher de um pastor, de longe, o melhor personagem do livro. Um homem muito mais velho que ama a esposa e que vive exatamente o que prega.

Mas, antes de tudo, é um livro sobre a tênue linha entre a paixão e a loucura. Quase todos os personagens ultrapassam essa linha em algum momento. Seja a dona da pensão onde o personagem central acaba indo viver que, mesmo naquele calor infernal, usa manga cumprida para esconder o nome de um ex-amor tatuado no braço. Ou outro morador da pensão, funcionário do Banco do Brasil, que saiu de uma capital do nordeste para acompanhar a paixão da vida dele, que não o amava e acabou se matando. Ou o chinês dono de um comércio local que é assassinado por ser obcecado por jovens homens nus.

Recomecei em grande estilo e já estou com o Roberto Bolaño, 2666. Depois conto tudo.