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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Caim

Acabei de ler Caim de José Saramago. É simplesmente maravilhoso. Muito diferente da última obra que li  dele, A Viagem do Elefante.

Em Caim, Saramago escolheu o personagem fratricida para visitar as passagens do Velho Testamento em que Deus se volta contra a humanidade.

Saramago mostra um Deus cruel, capaz de matar crianças inocentes e dar a Satã poderes sobre seguidores divinos.

É uma bem humorada viagem no tempo e espaço feita por um ateu inteligente que, sem agressões, mostra as várias contradições de um Deus bondoso, mas que pesa a mão em várias de suas ações. Vale a leitura.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009


bichosdejardim.com
Simplesmente ótimo!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sobre peras e outras frutas

Conheci esta semana um vinho maravilho: Pera-Manca. Tomei uma taça em companhia de amigos advogados que se dispõem a pagar R$ 600 por uma garrafa. Juro que vale cada centavo desde que pago por eles, óbvio. Mas para além da delícia, o vinho me intrigou em razão do nome e fui procurar de onde veio.

Segundo o site Mar de Vinho, o nome vem da região onde é feito,que era cheia de barrancos e as pedras soltavam. Daí, diziam que as pedras balançavam, mancavam e de "pedras mancas" chegou-se a Pera - Manca.

Descobri também que foi este o vinho dado por Cabral aos índios brasileiros quando chegou aqui. Talvez seja dele então a culpa por terem os índios entregue aos gajos todas as nossas riquezas. E como o que se bebe em berço se leva para sempre, o Brasil é destino de 40% da produção Pera-Manca.

Especula-se também que o vinho citado por Camões em Os Lusíadas seja este mesmo. Ainda segundo o site, o Pera-Manca não é produzido todos os anos e a última safra foi 2005.

A Veja São Paulo publicou uma matéria com o título: "Saiba onde comprar Pera-Manca por R$ 32,00". Claro que o título diz só meia verdade. Uma nova tecnologia permite que o vinho se conserve mesmo depois de aberto e uma vinícola paulista vende taças de vinhos caros a preços pagáveis, ou seja, vc comprará uma taça de Pera-Manca por R$32. Coisas da Veja. Ah a máquina de dosagem chama Enomatic e custa R$ 50 mil. Acho que vou continuar tomando o dos meus amigos mesmo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Novas descobertas

Descobri esta semana o Valor Econômico. Este veículo sempre me causou arrepios. Eu não gosto de economia e durante muito tempo tive verdadeira ojeriza de qualquer coisa que contivesse mais que três número num parágrafo. Eu melhorei. Alertada pela Patrícia, minha erudita chefe, li no Valor Econômico uma matéria belíssima do Paulo Totti sobre o Campus de Chapadinha da Universidade Federal do Maranhão. Como disse a Pat, digna de prêmio.
Hoje descobri o blog do Pedro Dória. É maravilhoso. O post sobre a pobre Honduras está simplesmente maravilhoso. Futricando o site descobri o discurso da Ângela Merkel, chanceler alemã, no parlamento de Israel. Lindo. Semana de descobertas.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Copa 2014

Eu não sou fanática por futebol. Não acho exatamente justo os mega salários pagos a alguns bailarinos de talento incrível. Também não acho justa às cobranças morais feitas às bobagens aprontadas por estas crianças que vêm suas vidas alteradas do dia para a noite, saindo da quase miséria para salários astronômicos e mil regalias, sem que tenham amparo pscicológico ou familiar para isto. Mas é um esporte bonito, tem garra, tem força, tem alegria. Por isto posso entender a paixão que o futebol desperta mundo a fora e no Brasil particularmente. Fiquei feliz quando soube que o Brasil seria sede da Copa de 2014, acho que o povo brasileiro merece assisitir de perto este espetáculo. Porém acho que nem todos pensam assim.

Acompanhei uma audiência pública na Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal, quinta-feira passada e dois senadores, Heráclito Fortes e Mão Santa, criticaram o governo brasileiro por sediar a copa do mundo. O argumento dos senadores é que o volume de recursos gastos para preparar o país para o evento é um absurdo diante das enormes mazelas que o país tem. Concordo com os senadores que as mazelas são muitas, mas acho que os invesimentos em infra-estrutura, como melhorias nos aeroportos, construções de alojamentos e estádios, é um benefício para um país que está crescendo. O comandante Nicácio Silva, presidente da Infraero, um dos convidados na audiência, afirmou que todas as cidades que foram escolhidas para ser sede dos jogos tinham obras de ampliação e melhorias previstas, exceto Cuiabá. Ou seja, já ocorreriam obras antes da definição da copa. Isto é sinal de que o país está crescendo. E não se pode ignorar o volume de recursos que eventos como este trazem para o país. Movimenta o setor hoteleiro e de turismo, emprega muita gente e muita gente tem que ser qualificada para atender estas pessoas. E conhecimento gerado não vai embora junto com a copa ele fica no país.

Portanto, acho que os senadores, cuja casa não vive seus melhores momentos, terão dificuldades em ganhar brasileiros para fazer oposição justo com a Copa do Mundo. Talvez possamos sugerir que os recursos que serão devolvidos aos cofres da União pelos servidores beneficiados pelos Atos Secretos sejam destinados a reduzir as mazelas do país. É bom lembrar que estes não benficiam mais ninguém além do seleto grupo escolhido pelos senadores.

domingo, 3 de maio de 2009

Sobre tempos e heróis

O que falar do tempo? Só que ele voa e falta. Mal tenho tido tempo de conversar com as pessoas, quanto mais de dar meus pitacos sobre a vida. Mas tenho pitacos sobre a vida. E quero dizer que a discussão entre Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes me encheu de orgulho. Segue a opinião de Jorge Portugal. Faço minhas as palavras dele.

Supremo ministro
Naquele 22 de abril de 2009, nenhum nobre navegante português ousaria nos "descobrir". Descobertos fomos pelos olhos e pela voz do primeiro negro que, com altivez e coragem, no topo da nau capitânia do judiciário, admoestou o pretenso comandante.
Naquele 22 de abril de 2009, não caberia um 7 de setembro em que o filho do rei, futuro imperador do país, daria gritos de independência às margens de um riacho qualquer; ali, ouvimos o brado da liberdade e da insubmissão da voz abafada do povo, silenciada por séculos pelos donos do poder, através de sucessivos crimes de lesa-cidadania: "Respeito, ministro! Vossa Excelência não tem condições de dar lição de moral em ninguém!"
Naquele 22 de abril de 2009, nenhuma princesa "bondosa" assinaria uma vaga lei que nos concedia liberdade, mas nos cassava a condição de cidadãos, proibindo-nos o voto, a escola de qualidade e o trabalho digno; presenciamos, sim, a abolição proclamada em nossas almas, 121 anos depois, pela voz corajosa de um Luís Gama redivivo, encarnando todos os quilombos massacrados e abrindo os portões de todas as senzalas: "Vossa Excelência não está nas ruas; está na mídia destruindo a credibilidade de nossa justiça!"
Naquele 22 de abril de 2009, nenhum marechal, de pijama, ousaria proclamar república nenhuma; o pacto de poder que condenou a maioria de nossa gente a ser um povo de segunda classe viu-se desmascarado pela indignação patriótica de um João Cândido reeditado, que fez a chibata girar em movimento contrário, açoitando o lombo dos que se acostumaram a bater, por séculos a fio: "Respeito, ministro! Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso!"
Naquele dia, Ogum, Xangô e Oxóssi desceram os três num corpo só e reafirmaram a presença arquetípica da África dentro de nós. Todos os movimentos aparentemente derrotados dos nossos heróis anônimos puseram-se de pé, vitoriosos, mesmo que não tivessem vencido uma só batalha. A Revolta dos Búzios, a Revolução dos Malês, o Quilombo dos Palmares, todos, reencenaram seus teatros de operação e puderam, séculos depois, derrotar simbolicamente o inimigo.
Naquele dia, saíram às ruas todas as escolas de samba, de jongo, todos os blocos afros; bateram os candomblés e as giras de umbanda, a procissão da Boa Morte, o Bembé do Mercado de Santo Amaro; brilharam os pequenos olhos da criança negra recém-nascida ao descortinar a luz azul de um futuro melhor.
Naquele dia, materializando todos os nossos sonhos e desejos secularmente negados, Vossa Excelência deixou de ser apenas um ministro do Supremo Tribunal Federal para tornar-se o supremo ministro de todos os brasileiros.
* Por Jorge Portugal, educador e poeta. Publicado no jornal A Tarde, da Bahia, de 28.4.09.

domingo, 5 de abril de 2009

Sobre a semana

Não podia deixar de comentar sobre a semana. Foi gloriosa para o presidente Lula, não sei se para o Brasil, mas sem dúvida foi uma grande semana para o homem humilde que saiu de Garanhuns, em Pernambuco. Filho de família pobre, de mãe guerreira, o homem Luiz Inácio Lula da Silva, não só é o presidente com maior popularidade do seu país. Ele é o presidente que recebe reconhecimento internacional e pelo presidente do país mais influente do mundo, Barack Obama. Isto é ótimo.
Não tenho dúvidas de que são sinais de novos tempos. Não só porque é Lula e porque é Obama. Mas mostra que a solução para a crise mundial passa por uma nova ordem. Passa pela inclusão de países como o Brasil, China, Índia e Rússia. Passa pela solidariedade entre os povos, como a criação de um fundo que tem por doadores países como o Brasil, mudando uma realidade antiga quando éramos devedores do Fundo Monetário Internacional. E eu estou muito feliz que seja o ex-torneiro mecânico o presidente deste Brasil.

domingo, 15 de março de 2009

Sobre Elefantes e Prada

Já faz um tempo que não posto por pura falta de tempo. Mas tenho tido tempo para ler. Li A Viagem do Elefante, do português José Saramago e li O Diabo Veste Prada. Li também O fio das missangas, do moçambicano Mia Couto, mas este precisa de um post só para ele.

Em A Viagem do Elefante, Saramago conta a inacreditável, porém verídica, história da entrega do presente dado pele Rei de Portugal, Dom João III, para o arquiduque de Áustria, Maximiliano, primo de sua esposa. O presente era, pasmem, um elefante. E ele foi levado de Lisboa para Valladolid, na Espanha, e de lá para a Áustria, andando em caravana. O desenrolar da história é recheado de sátira sutil, críticas a uma sociedade hipócrita que fingir a ponto de se enganar. O livro é bom, diferente de tudo o que Saramago já escreveu. Vale a leitura pelo autor, não pelo livro.

Já o Diabo Veste Prada, da americana Lauren Weiseberger, é delicioso do início ao fim. Muito bem escrito, conta a experiência de uma jornalista recém-formada na mais conceituada revista de moda do mundo. Ela troca nomes, mas se trata da relação de Ana Wintour, da revista Vogue, com os seus funcionários. O livro também faz uma crítica ao mundo da moda, que aí cabe discussão. A "chefe"do livro é uma megera de marca maior e o livro faz parecer que é porque ela trabalha com moda e que todos no mundo da moda são fúteis e infelizes. Não acredito nisto. Gosto de moda, não sou escrava, mas alguém precisa desenhar e costurar o que eu vou vestir e não vejo nenhum mal em isto ser bem feito. O livro é fenomenal pela história, não pelo tema. Ah e pela primeira vez na vida, eu gostei mais do filme que do livro.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A crise dos jornais

Fui para a chácara dos meus pais passar o Carnaval em Paracatu, noroeste de Minas. Paracatu fica a 233 km de Brasília, umas duas horas e meia de viagem. Preferi sair no sábado pela manhã e não na sexta-feira no fim do dia para evitar a noite na estrada e o movimento de carros, que imaginei estaria menor. Não sei como foi na sexta, mas no sábado o trânsito estava muito intenso, com engarrafamento perto de Cristalina/GO.
Uma coisa me chamou a atenção em especial: o número de taxistas que estavam, nitidamente, viajando com a família. Será que eles não lêem os jornais e, portanto, não sabem que estamos no meio de uma crise financeira tremenda e, portanto, que o momento é de ficar e trabalhar? Será que eles não sabem que o desemprego teve a maior alta desde que o número passou a ser registrado?
Hoje na volta, chegando em Luziania/GO, vimos 6 cegonhas carregadas de carros estacionadas num posto de gasolina. Será que os donos das concessionárias também não leram os jornais e não viram que estamos no meio de uma crise e que o povo brasileiro está quebrado?
Acho que com tanta gente não lendo jornais, os veículos estão condenados à falência...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sempre pode melhorar

Ontem eu fui ao Daniel Briant, um restaurante francês do qual já falei antes aqui. Da outra vez eu o critiquei. Hoje venho elogiar. A minha crítica é que ele não aceitava cartões e ontem pude pagar com cartão de débito. A comida é muito boa. Há cafés, quiches, tortas deliciosas, sopas incríveis (para quem gosta) e outras guloseimas. Agora vale experimentar.
Ah, ele fica na 103N.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ooopppss!

A Lívia, amiga criativa, puxou minha orelha porque eu não disse onde fica o Panelinha. É na 316 Norte. É pequenininho e aconchegante. ;)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Lugar legal

Inaugurou na sexta passada um bar novo em Brasília. Fica às margens do Lago Paranoá e tem um visual super bonito. Sou suspeitíssima porque ele fica no Brasília Alvorada Hotel, cliente da agência de comunicação onde sou assessora de imprensa. Mas ele é lindo. E vários empreendimentos têm sido abertos na cidade para satisfazer os mais diversos gostos.
O Bar do Capitão, é este o nome, se pretende um lugar de encontro, de happy hour e de boa música. Todo sábado terá feijoada no almoço com a banda Coisa Nossa, que toca samba da melhor qualidade.Domingo terá parrillada de frutos do mar. Sábado fui a um pub, na 409 Sul, super gostoso, com música ao vivo e boa bebida. Estava lotado. E ainda na semana passada eu descobri uma casa de chá que é um charme. Na 408 Norte há um café mais novo que o Café da Rua 8, e melhor que este. Chama Senhora Café, uma delícia. Ainda na Asa Norte, foi inaugurado recentemente um bar que chama Panelinha, com uma decoração fantástica e um cardápio ótimo. Ou seja, não faltam opções para quem quer sair na cidade burocrática.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Diálogo esclarecedor.

Encaminhei o conteúdo do meu último post para o Correio Braziliense e o Gustavo Krieger me respondeu. Segue:

Olá Juliana, sua mensagem me foi repassada pelo jornal. Em primeiro lugar, agradeço pela leitura crítica e qualificada. Usei alguns recursos de linguagem para tornar a leitura mais leve e talvez não tenha sido feliz. Quando falei em tradução da expressão "herança maldita" me referi ao fato dela ser usada por políticos brasileiros de todos os partidos e matizes, sempre que querem responsabilizar o antecessor por seus problemas. Mas ninguém aqui enfrentou uma herança tão pesada quanto a que George W Bush deixou para Obama.Também não quis me referir com desprezo ao presidente Lula. Quando escrevi a coluna, o governo brasileiro fazia um enorme esforço para colocá-lo em contato com Obama. Não deveria ter dito "se ele conseguir falar", mas "quando ele conseguir", uma vez que era óbvio que o encontro aconteceria. Agradeço pelo puxão de orelhas.Se você acompanha minhas colunas verá que não me alinho aos que sempre criticam ao governo. Nem aos que elogiam o tempo todo. Mantenho minha independência e julgamento próprios.E conto com ótimos leitores para me avisar dos deslizes. Mais uma vez, obrigado. E a convido a ler meu blog na página do Correio. Gustavo Krieger

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Cuidado com a língua

No dia da posse de Barak Obama, Gustavo Krieger tratou do assunto na sua coluna no Correio Braziliense. Ele que neste período tem se dedicado à sucessão no Congresso Nacional falou sobre a esperança depositada no novo presidente norte-americano e que não se deve esperar muito do dirigente, visto que o cenário que se apresenta não é dos mais simples. Gostei da coluna.
Mas lá pelas tantas, quase no final, ele fez uma provocação indigna do texto. Disse que se caso o presidente Lula tivesse, algum dia, a chance de falar com Obama, poderia pedir ao tradutor para verter para o inglês a expressão "herança maldita" que o presidente tanto disse logo depois da posse. E disse que na verdade quem tem uma "herança maldita" é Obama. Lula não tinha.
Discordo do conteúdo. Lula pegou um país quebrado, com crescimento negativo quando a economia mundial ia bem e o colocou para crescer, reduziu desigualdades e melhorou a qualidade de vida. Mas mais grave que isto a provocação revela o preconceito. Hoje Barack Obama ligou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conversaram durante 25min. Acho que o tradutor teve que verter mais que a expressão "herança maldita" e Gustavo Krieger não deve estar bem. Aliás, durante a semana Obama disse que a esperança venceu o medo. Acho que Lula deve ter esboçado um sorriso.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Então é Obama!

Assisti pela HBO no domingo o show We are one, uma homenagem ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama. Lindo! É incrível a esperança que o mundo tem depositado no primeiro presidente negro do maior império do mundo ( que anda ruindo). Eu torci, do meu jeitinho aqui, para que ele ganhasse. Há 40 anos aquela sociedade doente matava Marty Luther King Jr. Não se pode negar a transformação social pela qual ela passou. Mas isto não me deixa mais otimista em relação ao mundo. Obama foi eleito presidente dos EUA, não do mundo. E ele pega um país em franca decadência, passando pela maior crise financeira desde 29. É bom lembrar que eles saíram inteiros do outro lado e os custos todo mundo conhece. Mas desejo sorte ao neguinho lindo!
Não posso deixar de comentar e reverenciar a atitude de Bono Vox. Ele em sua apresentação fez menção ao povo palestino e disse que eles têm um sonho. Gostei bem muito.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Quão bons podemos ser.

Entre as leituras do fim do ano passado está um livrinho delicioso de Oscar Wilde, A Alma do Homem Sob o Socialismo. O livro de Wilde mais que uma análise sobre os possíveis caminhos pelos quais o socialismo levaria o homem é um convite à liberdade. Ele acredita que livre da obsessão capitalista, da propriedade privada o homem será livre para ser ele mesmo e buscar a sua vocação e, com isto, dará ao mundo o melhor de si.


E legal que eu o li logo após "A insustentável Leveza do Ser", do tcheco Milan Kundera. O livro retrata relações que nos fazem ver que tudo que nos é bom pode se tornar um peso. É o caso da relação entre Teresa e Tomas, personagens centrais do livro. Teresa tem tanto amor por Tomas que chega a ter pesadelos e viver de forma doentia diante das traições que Tomas não consegue evitar. E não consegue evitar mesmo, assim, bem machista. Porque ele sofre com as próprias traições e sente tanto peso que mal se encontra com as amantes e já se sente culpado e mal por estar ali. Mesmo assim a trai. O mesmo ocorre com o regime político. A Tchecoslováquia fazia parte do bloco da antiga URSS, do Pacto de Varsóvia. Mas, durante a primavera de Praga, gozou por um brevíssimo período de liberdade, aceitando até algumas críticas ao regime. Após a invasão da URSS, tudo mudou. E o que poderia ter sido um regime, como li no livro de Wilde e como Kundera defende, voltado para a liberdade, o retorno do obscurantismo faz com que médicos possam ser transformados em lavadores de janela porque se colocaram, em algum momento, contra o regime. Tudo que é leve pode se tornar absurdamente pesado. Recomendo os dois livros ;)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Livros, livros e mais livros

O recesso de fim de ano foi providencial para colocar leituras em dia. Além do mais, eu estava em Buenos Aires e ler sentada nos cafés da Recolleta, da Callao ou da Calle Florida tem um sabor especial. Li muito e tomei muito chocolate quente.
Estava terminando o "Abusado", do jornalista Caco Barcellos, quando cheguei à terra portenha. Terminei. O livro é muito bem escrito, assim como o Rota 66, e revelador. A violência na favela existe pela completa ausência do Estado. O texto mostra que a opção dos jovens pelo tráfico é a opção por uma vida, acreditem, melhor. Me chamou a atenção um personagem do livro, que tinha os pés tomados por feridas causadas pela ausência de sapatos, mas principalmente de saneamento. Custava U$70 a instalação, na casa de seus pais, de uma rede de canos que levassem o esgoto para fora de casa e retirar parte da umidade que passava para dentro do barraco. Os pais trabalhadores não tinham esse dinheiro. Ele entrou para o tráfico onde o menor salário era de U$300. O personagem central do livro era um bandido preocupado com causas sociais, tinha apreço pela leitura, por Che Guevara, pelo Sendero Luminoso e quando quis deixar o crime foi ajudado pelo cineasta João Moreira Salles. O livro me atraíu menos que o Rota 66. Talvez porque tenha mostrado que a corrupção é generalizada. Desde a polícia que atua nos morros e vende armas para os bandidos, enfermeiros que ajudam em fugas, carcereiros, médicos... Todos têm um preço. As políticas públicas não sobem o morro. No final do livro, publicado em 2003, a critica do Juliano VP, o dono do Santa Marta cenário do livro, era a de que os traficantes tinham deixado a sua função inicial, que era dar apoio às famílias da comunidade no que o estado era ausente e com isto perderam o apoio dos moradores para acobertá-los.
A leitura dos dois livros do Caco é indispensável para quem quer conhecer um pouco da realidade pobre brasileira.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ano novo é tempo de promessas.

Nesta ano novo prometo postar com mais freqüência. Ao menos três vezes por semana. Apareçam.

Chorarei por ti, Argentina!

Passei dez dias em Buenos Aires. Fiquei encantada com a cidade. Sua arquitetura que mistura o antigo e algo de novo, seus cafés e restaurantes, museus interessantíssimos e centros culturais mil, despertaram em mim uma grande paixão. Não imaginei que o país vizinho tivesse tais atributos. Sempre vi o país vizinho com um pouco de despeito.

A minha completa ignorância sobre o que eu encontraria na Argentina evidencia o grande desconhecimento que ainda nao superamos sobre a América Latina. Pouco estudamos a vida e a cultura dos países vizinhos. Sabemos muito sobre os Estados Unidos e o ocidente Europeu. Faz parte da nossa condição de colonizados. Lá talvez eles saibam um pouco mais de nós. É um país assaz culto. O acesso ao curso superior é quase universal e hoje, em tempo de crise provocada pelo desparate neoliberal, eles tem uma taxa de desemprego de 10%. Já foram a 6a economia do mundo.
Pretendo estudar mais sobre este país e, principalmente, voltar mais vezes lá. Já choro de saudades por ti Argentina.