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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quando começou o processo de emburrecimento?

Vou começar dizendo que tenho poucas certezas na vida pelas quais acredito que devo lutar. Certamente o “Abaixo a burrice” me moverá. Não sei quando ficou decidido que não pensar, não conhecer, não estudar era mais importante que o contrário. E está sendo assim. Prova mais cabal está na 11ª Edição do Big Brother Brasil.


Confesso que cheguei a esta conclusão lentamente. Comecei a pensar nisto quando a obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo caiu. Eu não sei se para aprender os pilares da profissão que escolhi para mim são necessários quatro anos. Creio que em dois anos uma pessoa bem formada pode, perfeitamente, aprender as técnicas do jornalismo. Mas ela precisa ser bem formada. Por isto acho que deve ser uma extensão, uma espécie de pós- graduação. O cidadão faz uma faculdade de quatro anos na área de humanas, biológicas ou exatas, e depois faz uma especialização para aprender as técnicas do jornalismo. Porém a legislação veio para flexibilizar as relações de trabalho e achar que tudo bem estudar menos.

Hoje recebi o boletim informativo do Comunique-se que trouxe uma matéria sobre o novo portal lançado por um jornal carioca voltado para a classe C. O texto afirma que as matérias serão mais “simples” que haverá mais vídeos e fotos, além das principais informações das celebridades nas redes sociais. Fiquei me perguntando por que é que jornalistas de verdade, não decidem fazer matérias de verdade, onde as pessoas público-alvo deste veículo se identifiquem e possam lá encontrar “informações úteis para suas tomadas de decisões quotidianas”, como disse Bill Kovach e Tom Rosenstiel sobre a necessidade do jornalismo??? Pode ser que eu esteja enganada, mas caso isto ocorresse, certamente as pessoas se interessariam pelo jornal.

Perseu Abramo, no livro “O Trabalhador da Notícia”, defende faculdades com menor tempo de duração, mas como forma de incentivar que mais pessoas estudem e não o contrário. E não se trata do preconceito vivido por quem fez faculdade particular. Alguns colegas de trabalho e acadêmicos não dão a menor bola para quem fez faculdade particular como se houvesse uma dicotomia que garantisse que quem faz faculdade particular está para o mercado bem como quem fez faculdade pública está para a academia.

E também não tem nada a ver com a classe C. Muito antes o contrário. Até outro dia havia uma razão real para a classe C não ter acesso informação: ela custava caro. Hoje com a ascensão social de milhares de brasileiros, esta informação passa a ser também mais acessível.

A solução pra isto passa, inequivocamente, pela democratização dos meios de comunicação. Com uma diversidade maior de programação, o emburrecimento será uma escolha individual e não uma imposição mercadológica.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

José e Pilar - Desculpa para escrever patacuadas!

Assisti, no último domingo (9/1), o documentário José e Pilar. Amei o filme. Além dos motivos óbvios, para quem me conhece, gostei porque ele é um documentário, portanto trata da vida real, e tem final feliz.

Estou tão acostumada a ouvir que amores de verdade não têm final feliz e que romance água com açúcar com final feliz é resultado do cinema americano, que andava só esperando o fim do meu relacionamento. Ah e claro que tem TODOS os relacionamentos e histórias infelizes ao meu redor para me ajudar a fazer um relógio para contar o meu fim.

E na história luso-espanhola não tem meio mágico, tem TUDO mágico. Ele não a conhecia, ele não era um Nobel da Literatura quando ela foi procurá-lo. Ele olhou para ela enquanto ela entrava na biblioteca, e ele ainda não sabia que ela era a pessoa que o queria conhecer e ele disse: “Isto é outra coisa”. Quer mais mágico??? Ele estava internado, já doente, e ela organiza um “feliz ano novo” para ele. Sim tem dengo, tem chamego na historinha.

E como na vida real, eles têm diferenças. Ela é briguenta e teimosa. Ele também é teimoso e tudo isto está lá no documentário, fazendo com que eles fiquem ainda mais reais.

Pode ser que eu tenha visto tudo em cor de rosa - na verdade se eu tivesse que escolher uma cor para o filme seria sépia – mas Pilar é uma mulher tão forte, tão decidida, tão dedicada, tão teimosa, mandona, que tinha que ter um Saramago, meigo, calmo, teimoso e dependente. É a junção perfeita. Viu, ela existe. Feitos um para o outro.

Quantas chances há da história se repetir na vida??? Sei lá. Pra mim basta que tenha ocorrido uma vez para eu não perder a esperança. Ok, eu e minhas amigas não somos a Pilar e o meu companheiro e os companheiros delas (e os que ainda virão) não são o Saramago e não se encontram Nobel em Literatura em toda esquina, mas.... Can be!

A verdade é que eu só precisava de uma desculpa para acreditar que o amor pode dar certo e a encontrei. Vá ao cinema e confira.