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domingo, 18 de janeiro de 2009

Quão bons podemos ser.

Entre as leituras do fim do ano passado está um livrinho delicioso de Oscar Wilde, A Alma do Homem Sob o Socialismo. O livro de Wilde mais que uma análise sobre os possíveis caminhos pelos quais o socialismo levaria o homem é um convite à liberdade. Ele acredita que livre da obsessão capitalista, da propriedade privada o homem será livre para ser ele mesmo e buscar a sua vocação e, com isto, dará ao mundo o melhor de si.


E legal que eu o li logo após "A insustentável Leveza do Ser", do tcheco Milan Kundera. O livro retrata relações que nos fazem ver que tudo que nos é bom pode se tornar um peso. É o caso da relação entre Teresa e Tomas, personagens centrais do livro. Teresa tem tanto amor por Tomas que chega a ter pesadelos e viver de forma doentia diante das traições que Tomas não consegue evitar. E não consegue evitar mesmo, assim, bem machista. Porque ele sofre com as próprias traições e sente tanto peso que mal se encontra com as amantes e já se sente culpado e mal por estar ali. Mesmo assim a trai. O mesmo ocorre com o regime político. A Tchecoslováquia fazia parte do bloco da antiga URSS, do Pacto de Varsóvia. Mas, durante a primavera de Praga, gozou por um brevíssimo período de liberdade, aceitando até algumas críticas ao regime. Após a invasão da URSS, tudo mudou. E o que poderia ter sido um regime, como li no livro de Wilde e como Kundera defende, voltado para a liberdade, o retorno do obscurantismo faz com que médicos possam ser transformados em lavadores de janela porque se colocaram, em algum momento, contra o regime. Tudo que é leve pode se tornar absurdamente pesado. Recomendo os dois livros ;)

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