Ao se entregar à “Como água para Chocolate” de Laura
Esquivel, o leitor faz uma viagem a um dos gêneros mais ricos da literatura do
continente: a literatura fantástica. Mas não é só isto, o livro mostra a força
das tradições familiares, dos amores impossíveis e dos temperos.
A narrativa mistura receitas culinárias e a história
do impossível amor de Tita e Pedro. Tita era a filha mais nova de uma família
matriarcal mexicana, numa cidade do interior, divisa com os Estados Unidos. Por
ser a mais nova, Tita não deveria se casar e sim ser responsável pelos cuidados
com a mãe. Ocorre que Pedro se apaixonou por ela e para ficar próximo à sua
amada, casou-se com a irmã dela, ofertada a ele por mamãe Helena. A irmã, claro, não recebeu o amor que lhe era
devido e a mãe nunca perdoou Tita por contestá-la nesta decisão.
A fantasia da narrativa fica a cargo das histórias
vindas da cozinha. Tita, que é a responsável da família pela cozinha, consegue
passar para os pratos que prepara todos seus sentimentos e as pessoas que
experimentam a comida, passam a se sentir como Tita. Assim ela estabelece a
relação com o amor de sua vida, Pedro.
O final faz parte do romance romântico, se não é
feliz, também não podemos dizer que é de todo infeliz. Tita põe fim a sua vida
quando seu grande amor morre, mas ao fazê-lo se encontra com ele e se unem.
As receitas descritas no livro fazem parte da
tradicional culinária mexicana, com muito tempero e predomínio do Chile.
É impossível ao ler “Como água para Chocolate” não
pensar em “Afrodite”, de Izabel Allende. Embora as diferenças sejam evidentes,
a primeira é uma narrativa fantástica a segunda um retrato quase bibliográfico,
a descrição da alimentação na vida das pessoas é tema comum para ambas. Os dois são deliciosos. Recomendo!
Serviço:
Como água para chocolate
Larua Esquivel
Tradução: Olga Savary
Editora: Martins Fontes
205 pgs.
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